Da depressão ao empreendedorismo com Brechó

Empreender é o caminho encontrado por muitas mulheres para gerar renda e garantir o sustento da casa. Para outras, pode ser a válvula de escape para fugir da depressão, um câncer e um problema de saúde com um filho. Há quatro anos, essa era a realidade de Josenil Patrícia de Araújo, de 45 anos, conhecida como Nil Araújo, quando surgiu a ideia de trabalhar com Brechó.

“Uma amiga da igreja havia sugerido que eu fizesse algo para me distrair, como abrir uma loja. Mas, não conseguia pensar em nada. Eu já precisava de força para cuidar de mim e do meu filho. Empreender era algo impossível naquele contexto”, relembra Nil.

Nessa mesma época, Nil viajou à Manaus para tratar da cirurgia do filho. Lá uma prima, empresária no ramo de confecção, ofereceu dinheiro para ajudar com as despesas. “Eu não quis a ajuda em dinheiro, pedi que ela mandasse roupas que não usava mais. Ela me mandou mais 300 peças de roupas, muitas novas. Arrecadei outras com amigos de Manaus. Liguei para o meu marido e disse que abriríamos uma loja. Dali em diante,  me animei e me enchendo de esperança”, contou Nil.

Em poucos meses, surgia a Brechó Boutique na garagem da casa da família. Na inauguração, apenas amigos apareceram. Nascia um negócio e todos os dilemas de uma empreendedora: vendas, gestão, divulgação e, talvez, o mais complicado vencer a barreira do preconceito que ainda há em torno de lojas de Brechó.

Quebrando o preconceito

As primeiras lojas de Brechó surgiram no século 19, na Europa. Em feiras ao livre, eram comercializados praticamente tudo. Com as peças eram usadas, não havia preocupação com higiene e eram adquiridas por quem tinha menor poder aquisitivo.

Como as peças eram usadas, criou-se a ideia que tudo que é vendido em brechó é ultrapassado ou velho. Contudo, esse estigma mudou e os Brechós estão cada vez mais lucrativos e luxuosos.

“Teve um dia que uma mulher entrou com a filha, amaram várias peças. Mas, quando ela viu o nome Brechó, puxou a filha e saiu rápido dizendo que não comprava roupas usadas”, contou Nil.

Em contrapartida, Nil tem advogadas, empresárias, políticas e outras mulheres que têm alto poder aquisitivo para compra, mas que entendem que a moda pode e dever ser sustentável.

Entre as variadas peças é possível encontrar marcas de grifes e muitas dessas ainda com etiquetas. Antes de serem colocadas à venda, há um processo de curadoria por trás de cada peça e higienização.

Negócio da família

A Brechó Boutique tornou-se um empreendimento familiar, esposo e filha trabalham no negócio que hoje garante  100% do sustento da família.

Com a renda, pagam aluguel da casa, a faculdade da filha, que é modelo e vendedora da loja. O marido é suporte da família e do negócio. “Quero deixar um legado para minha família. Desejo que meu negócio cresça cada dia mais”,c comentou Nil.

Conhecimento e prática

Nil é uma empreendedora nata. Entende do negócio tão bem, que fica difícil acreditar que ela não terminou nem o ensino fundamental.

Não concluir os estudos foi uma escolha pessoal. Ao iniciar o Brechó Boutique, ela sentiu a necessidade procurar conhecimento. Participou dos cursos e treinamentos do SEBRAE Roraima, eventos de on line de marketing digital e tudo quanto ela tem oportunidade, ela participa.

“Estudo todo dia, vejo aulas on line. Aprendi a mexer no instagram, a vender pelo whats. Hoje eu sou a blogueira do meu negócio”, contou.

ENDEREÇO: Avenida General Ataíde Teive, nº 2954/2

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: 9h às 19h