Diário da Gilmara na Irlanda
As semanas seguiram comigo ainda tentando adaptar meu tempo de faxina na residência de família. A mãe vinha com pedidos ou críticas específicas e como eu não era profissional da área, estava tentando entender como os produtos de limpeza funcionavam e como eu poderia otimizar melhor meu tempo e qualidade do serviço naquelas 4 horas. Até que finalmente, posso dizer que cheguei num nível de “aperfeiçoamento” da minha função de cleaner em uma casa familiar e que entrei no ritmo daquela rotina profissional.
Eram horas dopada com remédio antialérgico ou até mesmo relaxante muscular correndo de um lado pro outro pra deixar tudo limpo e organizado. E como eu já estava mais familiarizada com cada produto, de como usar até indicação de itens eu deixava para a mãe providenciar, porque eu sabia que ia facilitar a minha vida da próxima vez. Era um dinheiro literalmente “suado” que caía na minha conta toda quarta feira que eu usava para fazer as compras da minha comida semanal.
Enfim, era hora de usar dessa experiência e atualizar meu currículo. Ao menos um trabalho sendo feito na Irlanda e com referência de nativos eu tinha como comprovar e assim começar a criar vinculos profissionais mais sólidos no país. A verdade é que como estudante de inglês, você não tem muitas escolhas. Qualquer emprego que aparecer, vai ser essencial para sua sobrevivência. Então eu continuava na saga de entregas de currículos por lugares em Dublin ou enviava por email por meio de sites de recrutamento.
Pessoalmente eu ia em bares/resturantes, cafés, lojas e hotéis perto de casa mesmo porque a intenção era não pagar transporte e a internet eu usava para aplicar para aqueles que eu precisaria pegar ônibus. E depende muito do local aceitar pegar o seu curriculo em mãos. A maioria ainda prefere que o procedimento seja feito todo online. E como eu já mencionei aqui antes: ter uma rede de relacionamentos (networking) ajuda a espalhar a notícia de que você está disponível e que será uma boa candidata para tal vaga.
E foi assim tentanto deixar todos ao meu redor saberem que eu estava a procura de emprego e de que eu estaria muito disposta a trabalhar sem muitas restrições foi que o meu housemate (companheiro de casa) Rodrigo, me indicou para trabalhar na empresa que ele trabalhava como General Operative-Cleaner (Limpeza geral-faxineiro). Era uma faculdade chamada UCD. A empresa terceirizada que contratava os funcionários era a ISS e depois que o meu amigo falou sobre mim, eu fui chamada para uma entrevista.
Na entrevista eu já levei todos os meus documentos que eles pediram como: dados bancários, passaporte e meu PPS (Personal Public Service) que nada mais é que o nosso CPF ou carteira de trabalho no Brasil. Um número basicamente, que é usado pra facilitar os processos relacionados a trabalho e tarifa tributária no país. Eu não me recordo como eu fiz para fazer o meu cartão na época, só sei que que hoje você precisa arranjar um emprego antes e assim fazer a solicitação desse documento específico.
Como eu já tinha tudo em mãos mais a referência do meu amigo sobre a minha pessoa, acredito que isso facilitou a minha contratação. O Rodrigo tinha uma boa reputação na empresa, sempre pontual e cuidadoso, então a credibilidade dele era alta para indicar pessoas que fossem responsáveis e que dariam conta do serviço. Esse tipo de empresa até faz recruitment open days (Dia de Recrutamento) que é um dia inteiro de oportunidades com vagas de emprego disponíveis e quem tiver interessado só comparecer no local com o curriculo que são empregados quase que imediatamente, mas isso acontece mais no verão. No inverno as vagas ficam mais escassas.
Então, por isso, eu até tive um pouco de sorte de conseguir essa ocupação em pleno fevereiro, no qual as empresas tendem a ter menos oferta de trabalho nesse período frio. E com mais um sim nas mãos lá vou eu para mais uma aventura profissional na irlanda e agora de carteira assinada vamos dizer assim. Segunda a sexta, das 6h às 9h da manhã, 3 horas limpando escritórios, banheiros e salas de aula da faculdade e ganhando um pouco mais que o salário mínimo da época 10,30 euros por hora.
Por Gilmara Bezerra
Uma resposta
Absolutely brilliant post. It’s amazing to read about your experiences in Ireland, working so hard. I can’t believe you had to start work at 6am and then to go to college afterwards!! Crazy stuff. I’m so proud of you