Eu estudei inglês na minha adolescência apenas por dois anos numa escola particular no horário oposto das aulas do ensino médio. Convenci meus pais na época, de que seria um bom investimento.
Eu terminei com um aprendizado de nível intermediário. Só interrompi os estudos por conta das mensalidades que ficavam cada vez mais caras e era melhor me dedicar ao vestibular. Dali em diante, outras prioridades vieram e o inglês ficou guardado e sem a prática você esquece muitas coisas.
O sonho de fazer intercâmbio, morar fora do Brasil, nunca existiu, mas diante daquela crise existencial eu vi que a possibilidade de mudar minha rotina e tentar novas oportunidades poderia ser através dos estudos do inglês de novo. Só que dessa vez, fora da minha zona de conforto.
Acredito que a minha virada de chave veio após ver um comercial sobre intercâmbios em uma rede social e a descoberta de uma prima que estava morando fora na época. Pensei então: quem sabe ir morar em outro país eu encontro as respostas para as dúvidas sobre o meu futuro?
Depois de algumas pesquisas decidi procurar uma agência em Boa Vista que pudesse me ajudar nesse processo. Inicialmente a ideia seria ir para o Canadá, mas devido ao preço e a condição de não poder trabalhar no país, a consultora me apresentou uma opção mais barata e que se encaixava com o meu perfil. Então, Dublin, a capital da Irlanda foi a melhor escolha, porque além de estudar eu também ia poder trabalhar para custear minhas despesas lá.
Em seguida, chegou a hora de contar para o meu pai a minha decisão. Ele ficou assustado e preocupado. Não entendia porque eu queria ir embora e ainda para tão longe e pra piorar, sem falar a língua deles direito.
Meu coração ficou apertado e sem saber a resposta certa eu só consegui dizer: “Vai ser bom para meu currículo e além disso oito meses passam rápido, pai.” Ainda desconfiado ele me apoiou, assim como todos da família que eu contei depois que mesmo surpresos também me desejaram boa sorte.
E foi assim que eu abri mão do meu carro, juntei todas as minhas economias mais a ajuda do meu pai e comprei meu curso no início de 2016 com viagem marcada para outubro.
Enquanto isso, comecei a maratonar vídeos, ler sites sobre a Irlanda e sobre as escolas de inglês. Acompanhei redes sociais de pessoas que divulgavam o dia a dia, tirei algumas dúvidas com a prima e em setembro do mesmo ano pedi demissão do meu emprego e comecei a me preparar para a mudança.
E o grande dia chegou. Aquela quinta feira do dia 21 de outubro de 2016 foi de tensão.
Arrumei os detalhes finais da viagem e me preparei para o último jantar da noite com a família. Papai fez questão de incluir todas as minhas comidas preferidas. Churrasco, tambaqui e matrinxã (tipos de peixes), farofa.
Eu estava segurando o choro com a despedida a todo momento. Na madrugada de sexta fomos para o aeroporto. E foi só passar pelo portão de embarque que as lágrimas caíram com força e sem parar.
Eu precisei de uns cinco minutos pra me recuperar daquela sensação de vazio, daquele nó na garganta. A verdade é que por mais confiante e empolgada eu estivesse para encarar a temporada na Irlanda, munida dos conhecimentos básicos (plano de ação) e disposição para sobreviver lá, a minha mente ansiosa voltava a me questionar se eu estava fazendo a coisa certa e o que eu eu faria depois que acabasse o intercâmbio. Respirei fundo e ouvi uma voz dizer assim de novo: se preocupe com o presente! E é o que eu venho tentando fazer até hoje.
…continua no próximo capítulo
Por Gilmara Bezerra
4 respostas
Me identifico demais com o seu texto.
Foi ótimo saber que a vida nos presenteou, aos passar dos anos, quando decidimos esse novo caminho <3
Verdadeeeee! No fim sempre vale a pena! Temos que ser gratos pelas pequenas coisas mesmo. Super difícil morar fora, mas a gente encontra pessoas gente boa demais no caminho igual vocês.
Demorei, mas sigo firme acompanhando… Hoje posso dizer que as decisões por mais difíceis que possam parecer, tendem a nos trazer resultados surpreendentes…
uhulll! Que bom! Continua comigo aqui. Brigado pelo apoio. Tó abrindo meu coração com esse diário. Ainda tem muitas decisões que precisei tomar. Aliás todo dia é dia de decidir/escolher alguma coisa rs…