Mães Atípicas: Resgatando autocuidado e autoestima

Mais que estética, autocuidado é essencial para o bem-estar. Para muitas mulheres, ir ao salão de beleza não se trata apenas de cuidar da aparência externa, mas sim de um ato de amor por si mesma. É um momento de pausa, onde a correria do dia a dia é deixada de lado e a atenção se volta para o próprio corpo e, muitas vezes, para a mente. 

No entanto, ir todos os meses ao salão fazer depilação, unha, cabelo, sobrancelha e massagem não é uma realidade alcançável para muitas mulheres. E deixar esses cuidados de lado pode gerar impactos significativos na autoestima.

A empreendedora Ildeane Gaiozo vivenciou esta experiência e por conta disso criou o projeto Cuidando de Quem Cuida, uma iniciativa dedicada a resgatar o autocuidado e a autoestima de mães atípicas e de baixa renda. Uma vez por mês, ela dedica os atendimentos, que são 100% gratuitos, para essas mães. 

“Sou mãe atípica e mãe solo, logo eu entendo bem essa necessidade. Não foi fácil pra mim tomar a decisão de fazer este projeto, teve muitos porquês, mas a cada dia eu tenho a certeza de que Deus me escolheu para fazer a diferença na vida de outras mulheres. Aqui não é somente sobre beleza, é um espaço para compartilhar experiências com outras mães e eu organizo tudo para elas se sentirem compreendidas e acolhidas”, comenta.

SÓ UM BANHO E UMA CAMA JÁ ERA O SUFICIENTE”

Vanessa Dámasio é uma das mães atípicas atendidas pelo projeto. Mãe de 4 filhos, ela deixou o autocuidado de lado quando estava em busca do diagnóstico do filho Iyhan, em 2015. 

Tudo começou quando Iyhan, com 1 ano e 4 meses, teve uma crise compulsiva. Vanessa relata que o diagnóstico inicial foi de epilepsia, depois veio o de Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), seguido do diagnóstico de DI (Deficiência Intelectual). Até que em 2018 veio o diagnóstico de autismo.

Vanessa Damásio é um das mães que já faz parte do projeto Cuidando de quem Cuida. O procedimento que ela escolheu no mês de maio foi depilação.

“Pra mim foi difícil, porque a gente deixa de se cuidar, a gente se dedica apenas ao filho, a gente coloca ele em primeiro lugar, porque quer que ele se desenvolva, pra que ele tenha uma melhor qualidade de vida. A gente se deixa de lado, então eu me deixei de lado. Pra mim não era mais importante. Eu dizia: estou cansada. Então só um banho e uma cama  já era o suficiente, entendeu?”, relembra.

Vanessa conta que conheceu o projeto pelo Instagram e viu uma oportunidade de ter momentos de autocuidado. “Eu achei um projeto maravilhoso, eu disse assim: nossa, oportunidade de se cuidar, de ter um autocuidado. A gente se sente acolhida, abraçada quando chega aqui. Quando venho pra cá, já fico na expectativa e até me emociono porque é um momento que tenho só pra mim”, relata.

CUIDANDO DE SI MESMA

O projeto está crescendo e tem alcançado muitas mães. Sângela Saito é mãe de Saulo, 13 anos, e foi ao Stúdio Gaiozo pela primeira vez na quarta-feira, 15 de maio. Ela conta que conheceu o projeto no final do ano passado quando uma amiga a indicou para seguir o perfil de Ildeane no Instagram.

“Eu me identifiquei bastante, acho super legal porque ela conseguiu fazer desses limões uma limonada. É uma inspiração, ela é uma pessoa que inspira”, comenta.

Assim como Ildeane e Vanessa, Sângela deixou o autocuidado de lado no processo de diagnóstico do filho. Ela conta que foi uma fase muito difícil. “Eu era uma mãe que eu não aceitava. Eu negava a diferença dele, então a minha solução sempre era mudar de escola, me distanciar das pessoas que diziam que ele precisava de ajuda”, relembra ao falar que a busca por especialista começou quando Saulo pediu ajuda.

“Ele chegou para mim e falou: mãe, eu preciso de ajuda. Aí eu me lembro que eu me senti péssima. Eu fiquei, meu Deus, que tipo de mãe sou eu, achando que eu estou fazendo um bem. E aí, com oito anos, foi quando eu comecei a fazer o acompanhamento dele”, conta Sângela. 

Todo esse processo impactou sua própria saúde mental e física, enfrentando culpa, ansiedade, depressão e ganho de peso. “Me culpei muito por ter demorado a dar um suporte para o meu filho, e depois que comecei a dar um suporte, me culpei mais, porque eu não conseguia dar todo o suporte que ele precisava. Então isso me gerou ansiedade. E aí, ao longo do tempo, depressão”, comenta.

Sângela conta que foi uma fase em que sentia dores no corpo, muito cansaço e sono. “A gente sente no cabelo, na pele, no peso. A gente sente muito essa questão de ter autocuidado, eu precisei de ajuda para conseguir me perceber, porque a gente entra nesse mundo do filho de que precisa ajudar, e a gente se esquece, e querendo ou não, se não estamos bem, como é que a gente consegue ser apoio para o outro, se a gente não está conseguindo nem se ajudar?”, observa.

Hoje ela reconhece a importância de cuidar de si mesma. Para o primeiro atendimento no projeto Cuidando de Quem Cuida, ela disse que ficou curiosa sobre como seria, por algo novo. “Fiquei um pouco envergonhada porque não estou acostumada a ter esse autocuidado. Sou o tipo de pessoa que faz muito pelos outros, então ter alguém fazendo algo por mim me deixava um pouco receosa. Mas é bom. Vale a pena. Estou surpresa”.

Entre os procedimentos, Sângela optou pela massagem e drenagem. Todo o ambiente foi preparado para proporcionar a melhor experiência. “Em dia de atendimento delas, eu acordo cedo e deixo tudo organizado, quero que elas se sintam bem e acolhidas “, comenta Ildeane.

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3 respostas

  1. Me emocionei em ver essa matéria tão linda e inspiradora, cada dia a mais tenho a certeza que Deus me escolheu a dedo pra faze esse projeto!

  2. Muito maravilhoso esse trabalho …ajuda muito agente até mais amor por nós … é sabe que tem gente que ama agente quer cuidar de todos mãe autista que precisa…. muito bom esse projeto eu amei tá de parabéns Deus te abençoe elumina cada dia mais sua vida sua família

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