Diário da Gilmara na Irlanda
Aquela semana depois do natal e antes da virada de ano passou tão rápido. Eu não tinha muitos planos em mente. Só mesmo ainda preocupada em arrumar um emprego e continuava distribuindo currículos. Mas ao mesmo tempo aproveitando os últimos dias de 2016 porque no ano seguinte eu sabia que eu teria que resolver essa situação o mais rápido possível. Enquanto o trabalho não vinha eu ia para festas e passeava pela cidade.
Em um dos dias fui conhecer o phoenix Park que é um dos maiores parques urbanos da Europa, famoso também por abrigar os cervos. Tem mais de 200 desses bichinhos circulando livre por essa área verde. Eles estão tão acostumados com os visitantes que não se assustam ou são agressivos. É proibido alimentá-los, mas eu vi gente arriscando dá cenoura na boquinha deles. Eu sou medrosa e fiquei só observando.
Além disso, o Dublin Zoo é situado no local com mais de 400 animais e nesse caso tem que pagar para entrar. E andando mais um pouco você vai encontrar o Wellington Monument considerado o maior obelisco da Europa com 62 metros de altura que homenageia as conquistas de um Duque com o mesmo nome. Até a casa do presidente tem o parque como endereço e dá pra visitar aos sábados em horários específicos. Eu ainda não fui.
O lugar também tem cafeterias/ restaurantes, lagos e você pode passar o dia inteiro fazendo uma caminhada, ou andando de bicicleta, corrida/exercícios físicos ou até um piquenique. Então, eu já adianto que esse parque fez parte da minha rotina por muitos anos na Irlanda. E acredito que ainda tem muitos cantos de lá que eu ainda não conheço de tão gigante que ele é. Tenho muitas memórias desse espaço natural incrível.
Durante a noite eu saía com os amigos da escola ou meus companheiros de casa. Claro que os lugares mais frequentados entre os brasileiros na época era a balada da Diceys com música pop/eletrônicas e preços de bebidas mais acessíveis. E tinha também o pub Woodshed, mais conhecido como Australiano (não descobri o motivo ainda) que promovia “brazilian day” com bandas de samba/pagode/sertanejo e dj com funk. Além do River bar que tem um estilo mais latino, regatton e aulas de dança, como salsa em outro ambiente.
Aproveitei bastante para aprimorar meu inglês também, me abrindo para novas amizades, principalmente de outros países já que à minha volta só tinha meus conterrâneos. Além de encontrá-los pelas festas, eu também baixei aplicativo de relacionamento (sim gente, eu estava solteira na época) e vou dizer que isso me ajudou muito com o inglês não só falado como escrito.
Porque trocar mensagens sobre coisas do dia a dia te deixa mais perto da língua nativa e você aprende a filtrar o que é gíria, ditados populares sem a pressão das aulas/provas, mas sim vivendo e convivendo com quem está ali disposto a te ajudar a ser entendido. Fora que você não tem muita vergonha de perguntar, de pedir ajuda pra se comunicar melhor. Todo o tempo que eu tinha com estrangeiros eu aproveitava ao máximo para praticar o inglês, afinal a escola estava de recesso e se meu principal objetivo com o intercâmbio era me tornar fluente eu precisava ter foco e de quebra conseguir um bom networking.
Era dia 31/12 e na Irlanda nada muito especial e diferente acontece na virada de ano novo. Não tem show de fogos de artifícios como no Brasil, mas tem algumas apresentações especiais nos pubs da cidade ou nos parques ou áreas destinadas pra festivais, onde acabam fazendo a contagem regressiva. Eu fui para um jantar na casa de uma das amigas da escola. Não fizemos nada muito elaborado, mas tinha bisteca de porco, arroz, farofinha, salada e vegetais assados e foi especial pra nós que é o que importa.
Um pouco antes da contagem, você fica nostálgica, faz avaliações, pensa no futuro e se prepara para fazer novas resoluções. E ali todos juntos, incertos sobre o nosso futuro como estudantes na Irlanda, mas acredito que felizes pela caminhada até o momento, cada um fez seu pedido internamente e a hora virou. Nos abraçamos e bem-vindo seria o ano de 2017.
Continua…
Por Gilmara Bezerra