Meu primeiro St. Patrick’s Day

Diário da Gilmara na Irlanda

Depois do susto de ter tido minha carteira furtada e o perrengue para pagar o aluguel, eu estava mais cuidadosa e ainda mais econômica. Cortando qualquer gasto desnecessário e até ajustando minha alimentação para não precisar emprestar dinheiro e pagar todas as minhas contas sozinha. 400 euros perdidos assim de um dia para o outro fazem muita diferença na vida de um estudante que só pode trabalhar 20 horas por semana.

Mas essa história sobre trabalho ainda vai render muitos episódios lá na frente. Agora como chegamos em março de 2017 da minha jornada, é hora de relembrar um momento importante da vida de qualquer estudante que vem morar na Irlanda. O St Patrick’s day (Dia do São Patrício) é um dia muito especial e esperado pelos irlandeses. É um dos maiores festivais do país e que atrai muitos turistas.

O “carnaval dos irlandeses” como muita gente gosta de chamar acontece no dia 17 de março e homenageia o padroeiro do país St. Patrick. Ele foi um missionário cristão que evangelizou os irlandeses por muitos anos e usava o trevo de três folhas (shamrock) para abençoar seus cristãos o que mais tarde se tornou um símbolo famoso dessa celebração. Inclusive a cor verde é a marca registrada da festa.

Até o folclore celta tem influência nessa festa devido aos duendes (leprechauns) que são muito alegres e amam dançar e cantar. Por isso você também vai ver muita gente fantasiada deles ou artigos de decoração espalhados pela cidade. É realmente um dia muito feliz para todos e por isso todos os anos eles realizam um desfile/parada com vários carros alegóricos ou grupos fantasiados e se apresentam no centro de Dublin.

A festa é tão tradicional que ganhou destaque internacional e muitos países também celebram a data ou fazem homenagens como destacar algum ponto histórico na cor verde. No Brasil, o Cristo Redentor fica esverdeado no dia 17/03. Todas as cidades na Irlanda fazem uma programação especial com desfiles ou não que reúnem a comunidade em torno desse lembrança feliz. Os bares/restaurantes ficam cheios e como eu já mencionei antes, eles apreciam muitas cervejas nessa época.

Eu não me preparei com uma super fantasia para a data, mas peguei alguns acessórios verde e fui assistir o desfile junto com as amigas. O centro fica realmente muito cheio que é até difícil de andar e de ver direito qualquer apresentação (eu sou baixinha, ponto negativo nessas horas, risos). Mas pelo pouco que consegui acompanhar, é lindo ver o empenho e a união deles para trazer sempre uma mensagem positiva sobre o mundo através das alegorias, músicas e danças.

Naquele mesmo dia, um campeonato de futebol gaélico e Hurling acontecia no Crock Park, um estádio bem próximo da avendia principal (O Connel Street) onde o desfile acontecia. Uma das minhas amigas tinha um ticket (bilhete/ingresso) sobrando e me convidou para ir assistir com ela. As duas não tinham a mínima ideia do que esperar desses jogos já que nunca vimos uma partida antes.

E lá estávamos nós no meio de vários irlandeses fanáticos torcendo para um time que a gente não fazia ideia se ia ganhar ou não. São 15 jogadores de cada time no gramado e o objetivo é marcar gols com socos e chutes. Pense num jogo confuso e engraçado ao mesmo tempo aos olhos de duas leigas no assunto (risos). Quando o Hurling começou em seguida eu não conseguia acreditar que era possível conduzir aquele bastão sem machucar seriamente o adversário. A bola é do tamanho de uma bola de tênis e eles tem que ir conduzindo-a até o gol. Mas a pontuação varia de acordo com a parte do gol que ela é jogada.

Eu acho que eu estava mais tensa com alguém se machucar do que pra quem ia ganhar o campeonato. O que claramente não era a mesma opinião de quem estava la torcendo pra obter um resultado positivo no placar final. Mas se comparar com uma torcida em estádio brasileiro eu acho que os irlandeses são até mais contidos na hora de demonstrar seu apoio ao grupo favorito. Eles “gritam” ou reagem somente em momentos específicos do jogo. Não vi aquela vibração e cantarolagem durante toda a partida como aconteceria no Brasil.

Para a minha primeira vez nesse dia tão especial para a Irlanda eu acho que eu consegui aproveitar muito. Tive o privilégio de ver a cultura deles através da arte, nas ruas e rostos daquelas pessoas felizes desfilando na rua e também por meio do esporte, na força e habilidade daqueles jogadores e principalmente no suporte e confiança no olhar dos torcedores.

Por Gilmara Bezerra

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