A busca pelo equilíbrio entre a carreira profissional e a maternidade tem sido assunto recorrente nas conversas sobre maternidade. As mulheres têm se destacado em diversas áreas profissionais, mas ainda enfrentam desafios ao conciliar as atividades profissionais com o papel de mãe.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de participação das mulheres na força de trabalho no Brasil aumentou significativamente nos últimos anos, passando de 50,1% em 2010 para 54,9% em 2021.
O DESAFIO DA MATERNIDADE
Embora a presença feminina no mercado de trabalho tenha aumentado, as mulheres ainda enfrentam desafios ao se tornarem mães.
Os principais obstáculos são falta de apoio e políticas inadequadas nas empresas para a conciliação entre os papéis profissional e materno.
Kátila Elisa Barros, professora concursada, é mãe de duas meninas, uma de três anos e outra de 9 meses. Ela conta que conciliar a demanda das obrigações, principalmente de horário, ficou super corrido com a maternidade.
“Os impactos acabam sendo na sobrecarga, pois acabamos tendo que dar conta dos filhos, do trabalho, da casa. E são coisas que temos que fazer todos os dias. Mas não podemos esquecer que o mais importante é a criação de nossos filhos, afinal o restante das coisas podem ser feitas em outro momento. Gosto de uma frase do C.S Lewis que diz: Filhos não são uma distração que nos impedem de fazer um trabalho importante. Eles são o trabalho importante”, comenta.
Mesmo diante das demandas profissionais, ela compartilha da opinião de que os pais não devem abrir mão ou terceirizar a educação e criação dos filhos. “Há quem diga que é fácil para quem tem ajuda, rede de apoio, etc. Eu não tenho nenhuma dessas opções, moro longe de todos os meus familiares. É apenas eu e meu esposo, e graças a Deus temos dado conta”, frisa.
Kátila Elisa Barros é professora concursada da cidade de São Paulo.
SEM REDE DE APOIO FAMILIAR
Assim como Kátila, a dificuldade da bióloga e professora Nathália Vargas também foi a falta de uma rede de apoio familiar, uma vez que ela mora longe dos seus familiares. Mãe de dois meninos, um de cinco e outro de dez anos, ela conta que sempre levou os filhos para onde quer que fosse.
“Graças a Deus a empresa que trabalho não importa que levemos nossos filhos em caso de necessidade. E eles também sempre compreenderam quando eu precisava ou preciso me ausentar para levar eles ao médico ou quando estão doentes”, comenta.
Nathália aponta que a maternidade tem um grande impacto na trajetória profissional das mulheres, principalmente quando se trata de organizar o tempo. Afinal, não é possível simplesmente separar a vida de mãe da vida profissional.
“Algumas mulheres podem optar por abrir mão da carreira em favor dos filhos, o que pode tornar difícil o retorno ao mercado de trabalho mais tarde. Outras optam por colocar seus filhos em creches ou escolas em tempo integral, o que pode gerar sentimentos de culpa e julgamento externo”.
Nathália Vargas é professora, bióloga, Mestre em Biologia Animal, Doutora em Parasitologia, e atualmente é Diretora de Regulação da Faculdade Cathedral.
A LUTA PARA EQUILIBRAR CARREIRA E MATERNIDADE
Para a Mentora de Mães, Laura Schwengber, mãe de quatro filhos de 14, 10, 8 e 4 anos, o maior desafio foi encontrar equilíbrio aceitável entre ser mãe e trabalhar. O desejo de ser uma mãe presente na vida dos filhos e, ao mesmo tempo, buscar o sucesso profissional, resultou em escolhas difíceis e adaptações na sua trajetória.
“Trabalhar como se não fosse mãe e ser mãe como se não trabalhasse” – essa é uma meta que Laura percebeu ser impossível de alcançar. A fim de priorizar a maternidade, ela pausou sua vida profissional durante os primeiros dois anos de vida de cada um de seus filhos. Mais tarde, ela voltou ao trabalho, buscando opções com carga horária reduzida para se dedicar à carreira e à família.
“Reconheço que tive o privilégio de contar com um marido que apoiou minhas decisões e que me viu como uma parceira na construção da família. No entanto, não ignoro que muitas mulheres não têm essa mesma condição de escolha, enfrentando obstáculos financeiros e sociais que dificultam a conciliação entre maternidade e carreira”, ressalta.
Laura Schwengber é Mentora de Mães e mora em Brasília.
AMBIENTE MAIS INCLUSIVO E FAVORÁVEL PARA AS MÃES NO MERCADO DE TRABALHO
Nathália Vargas acredita que um ambiente de trabalho mais inclusivo e favorável para as mães deve ser pautado no acolhimento humanizado. “Isso inclui permitir que as mães levem seus filhos para o trabalho quando necessário, proporcionar ambientes agradáveis com facilidades para troca de fraldas e amamentação, além de pequenas salas com brinquedos para distrair as crianças enquanto as mães trabalham”, sugere.
Ela é professora e lembrou que hoje na Plataforma do Currículo Lattes tem um espaço para as mulheres colocarem o período de licença maternidade. “Isso é uma campanha que existe para que esse período não fique contado como sempre produção, principalmente para as mulheres que trabalham com pesquisa”, explica.
Laura destaca que um dos desafios enfrentados pelas mães é o estigma nas empresas, que muitas vezes as rotulam como menos produtivas e pouco comprometidas com o trabalho devido à maternidade. Ela defende uma mudança nessa mentalidade, enxergando a maternidade como uma oportunidade de desenvolvimento de habilidades essenciais, como liderança, comunicação e gestão do tempo.
“Para criar um ambiente mais inclusivo e favorável às mães no mercado de trabalho, sugiro investimento em estruturas que permitam a convivência entre mães e filhos durante a primeira infância, como a criação de brinquedotecas ou a redução temporária da carga horária de trabalho. O cuidado com a família não deve ser visto como uma distração, mas sim como uma prioridade valiosa que contribui para a formação de uma sociedade mais saudável e equilibrada”, pontua.
COMO EQUILIBRAR MATERNIDADE E CARREIRA?
Laura Schwengber deixa dois conselhos valiosos para as mulheres que buscam este equilíbrio. “O equilíbrio não é linear: É natural que as dedicações à maternidade e à carreira variem ao longo do tempo. Não se cobre para atingir um equilíbrio perfeito o tempo todo; aceite as mudanças e ajustes necessários. Priorize o que realmente importa: Valorize a jornada e não apenas o destino. Lembre-se de que a verdadeira riqueza da vida está além do sucesso profissional e inclui a dedicação à família, à saúde física e mental”, pontua.
Nathália Vargas aconselha as mulheres a viverem a maternidade de forma confortável, sem se culpar ou sentir a pressão de dar conta de tudo sozinha. “Incentivo às mães a pedirem ajuda quando necessário e a fazerem valer seus direitos, como a licença de amamentação e a ausência para levar os filhos ao médico. E se dedicar no trabalho para sempre ser feliz e uma boa profissional”, comenta.
2 respostas
Depois que passei a viver a maternidade, não como um fardo, mas como uma oportunidade de formar homens melhores para a geração dos meus filhos, tudo ficou mais leve.
Maravilhosas!!!