Oficialmente estudante de faculdade e mais um vez de malas prontas

Diário da Gilmara na Irlanda

As aulas começaram e eu estava em pânico. A minha rotina na faculdade de administração era uma montanha-russa de emoções. Era a minha primeira vez estudando no exterior em um nível de inglês tão alto, e confesso que estava bastante nervosa e ansiosa. Será que ia conseguir acompanhar a turma, fazer os trabalhos e passar nas provas?

Na sala de aula a maioria dos estudantes eram brasileiros e tinha uma minoria em que era um mix de nacionalidades. Então aquilo já me dava um alívio de saber que estamos no mesmo barco. Pessoas tentando uma graduação fora sendo obrigados a trabalhar também em tempo integral porque para sobreviver no país só mesmo se desdobrando. A luta é grande.

Nos bastidores eu estava muito apreensiva também de estar morando com o namorado. Primeira experiência de um relacionamento intenso que já começou com muitos desafios. A ideia de ir embora da Irlanda ficou fora de cogitação assim como também namoro a distância caso eu voltasse para o Brasil. Então, diante das circunstâncias, decidimos viver juntos. Duas culturas totalmente diferentes dividindo o mesmo teto em menos de 5 meses de namoro.

Estava morando longe das minhas amigas e vivia praticamente de “extras” já que as aulas em tempo integral limitavam meu horário de trabalho. Me sentia em desvantagem e até muito vulnerável. Mas eu quis arriscar então eu teria que estar pronta para todas as consequências possíveis. Estávamos vivendo uma paixão e todo início sempre parece uma lua de mel, apesar de que a nossa estava sendo em meio a tribulações. E é claro que essa mudança me desafiou em vários momentos.

Eu ficava tentando encontrar um equilíbrio. Minhas aulas eram de segunda a sexta praticamente o dia todo. Então para trabalhar só podia depois das 16h. Procurava trabalho pela região que encaixasse com os meus horários de aula, mas as oportunidades de emprego não estavam se abrindo para mim naquele momento. O que me rendia uma grana eram os trabalhos como babá que ainda estava concentrado na região sul de Dublin e eu morava no lado oposto: norte.

O namorado trabalhava em horário integral e em escalas variadas, as vezes durante o dia ou durante a noite. Muitas vezes, quando eu ia dormir, ele estava saindo para trabalhar e quando eu estava saindo pra faculdade ele estava indo dormir. Os finais de semana eram uma tentativa de equilibrar um pouco de diversão/lazer com trabalho. Isso se os dois estivessem livres daí tentávamos fazer alguma atividade juntos.

Dentre elas: sair pra jantar os dois, ou com os amigos, caminhadas pelos parques. Conhecer melhor o bairro que estávamos morando. E com o tempo passando conseguimos também programar uma viagem para a Polônia para conhecer os pais dele e vice-versa, os pais também vieram passear na Irlanda. Ambas foram visitas rápidas. E durante o inverno então lembro de estar bem frio. Boas memórias sendo construídas até que os donos da casa decidem vender o imóvel.

E nos vemos de novo diante de mais uma mudança. Na época o namorado já tinha uma viagem de amigos marcada para a África (não me recordo se era mesmo esse lugar), mas era praticamente um mochilão de duas semanas e eu fiquei então na saga em busca de vagas de quarto/casa para casal. E quem mora na Irlanda sabe a dificuldade que é para achar um lugar decente para morar.

Fiz algumas visitas até que encontrei um quarto suíte de casal num apartamento para dividir com mais um casal e um rapaz. Localização ainda favorecia o namorado. Ficava minutos a pé do trabalho dele. Pra mim ficou ainda mais longe do centro de Dublin, mas não temos como conseguir tudo na vida e ser justos com todos. Enfim, já comecei a preparar nossas malas e quando ele voltou de viagem fizemos nossa mudança.

Por Gilmara Bezerra

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