Sendo babá na Irlanda pela primeira vez

Diário da Gilmara na Irlanda

Depois de algumas tentativas sem sucesso, uma colega do trabalho de faxineira na Faculdade me indicou uma família. Ela fazia alguns babyssitting para eles há algum tempo e como ela estava se mudando de bairro não ia conseguir mais ajudá-los. Eu fui para entrevista na casa deles já sabendo que a vaga não seria de segunda a sexta e sim uma ajuda três vezes na semana. Eram dois meninos de idades entre 6 e 4 anos.

A localização era perfeita. Dublin 4, Sandymount. 15 minutos de ônibus saindo da escola. Nesse dia a mãe marcou para o fim da tarde. Super simpática, ela me recebeu sozinha. Conversamos por mais ou menos meia hora. Ela queria saber sobre as minhas experiências com crianças e eu fui sincera em dizer que na Irlanda ainda não tinha tido a chance de trabalhar nessa área. Ela confiava demais na Thay que me apontou para o trabalho e acredito que isso tenha sido um fator importante na decisão.

Para bater o martelo, ela queria que as crianças me vissem e que eu interagisse um pouco com elas. Até que, passados alguns minutos os meninos chegaram do playdate (“hora de brincar” no sentido literal, mas que significa: dia de ir para casa dos amiguinhos depois da escola). Geralmente as famílias se ajudam dessa forma, trocando cuidados e fortalecendo os laços de amizades dos filhos através desses encontros marcados uma ou duas vezes na semana.

A rotina segue normal só que na casa do amigo. Almoçam, fazem o dever de casa se necessário, vão para alguma atividade esportiva, ou a tarde se resume em brincadeiras e diversão mesmo dependendo do dia. Quando eles chegaram, dava pra ver a felicidade e cansaço do dia. Apesar de tímidos foram receptivos e me deram a chance de conversar e me apresentar a eles. Eu já me apaixono de cara. Gosto muito de crianças. Mas o que estava em jogo ali também era o trabalho de cuidar deles e eu precisava muito conquistá-los.

Foi só me esforçar mais um pouco que eu já estava sendo convidada pra conhecer a casa toda e brincar de “hide and seek” (esconde-esconde). A mãe interrompeu a folia e disse que era hora do jantar e que eu precisava ir embora, mas que eu voltaria no dia seguinte. Ou seja, ela ficou feliz com a empolgação dos meninos e me ofereceu o trabalho sem nenhuma dúvida. Agora era me preparar para ser childminder pela primeira vez na Irlanda. Que alegria.

Saí da escola e fui direto para o meu primeiro dia de trabalho com as crianças. Eles já estavam ansiosos me esperando que até abriram a porta pra mim. A mãe me encaminhou para a cozinha e já estava com o almoço deles na mesa. Aqui na Irlanda eles costumam comer sandwiche, tipo um lanche. Só no jantar que eles têm uma refeição completa e que dependendo da família comem juntos ou não. As vezes os pais preferem que as minders (babás) deem a comida deles antes e assim eles jantam mais tarde depois que colocarem as crianças na cama.

Eu fiquei supervisionando enquanto eles comiam. Como já são de idades maiores eles conseguem comer sozinhos. São mais independentes. Depois era a hora de ajudar com o dever de casa do mais velho. Que não era muito complicado ainda e bem simples de acompanhar. Eu o ajudava enquanto distraia o menor com algum brinquedo. Nesse dia eles não tinham nenhuma atividade extracurricular então eu tinha a tarde toda para usar minha imaginação e distrair essas crianças.










Nessa casa por exemplo, eles não podiam assistir televisão, só em ocasiões especiais. Doce também não era permitido a hora que quisessem. Engraçado que a babá acaba se tornando a vilã em muitas situações por restringir e seguir regras enquanto alguns pais acabam cedendo e quebrando essas orientações que eles mesmo impuseram. Por enquanto, eles me obedeciam e eram muito bonzinhos. A única briga mesmo era pra chamar minha intenção. Uma disputa entre quem brinca mais com a Gilmara. Continua…

Por Gilmara Bezerra

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