Diário da Gilmara na Irlanda
A escala foi Boa Vista – Manaus – São Paulo – Amsterdam – Dublin. Que viagem longa viu! Foram muitas horas de espera e trocas de aviões até que finalmente eu pisei pela primeira vez na Irlanda.
A capital do país, Dublin, foi onde eu escolhi fazer meu intercâmbio por oito meses. Sendo seis meses de estudo com possibilidade de trabalhar 20 horas semanais e os outros dois meses restantes de férias.
Era domingo à noite e faziam 10 graus de temperatura. Eu estava com uma mala gigantesca, uma mochila, uma bolsa de acessórios e uma mistura de sentimentos. Mas, enfim eu desembarquei no país onde eu estava disposta a conhecer a cultura e mergulhar em hábitos e costumes diferentes dos meus.
Quem diria que em poucos meses de decisão e preparação, com meu inglês enferrujado eu estava ali sendo testada pela primeira vez na imigração do aeroporto de Dublin. Apesar da adrenalina e nervoso de não conseguir me expressar direito, a moça conferiu toda a documentação e eu fui liberada para entrar! Ai que alívio!
A acomodação ficava exatamente no centro da cidade de Dublin. Na rua: Parnell Street. Eu estava acompanhada por outra brasileira do Rio de Janeiro que encontrei na saída no aeroporto e que, por coincidência, também fechou o intercâmbio com a mesma agência e veio comigo no mesmo táxi programado para nos recepcionar e levar até onde ficaríamos hospedadas.
Um agente nos esperava na porta do prédio e foi quem nos deu as primeiras orientações sobre o local, quantos apartamentos pertenciam a agência, quantos estudantes já estavam acomodados e quantos ainda estavam por chegar. Abrimos a porta do nosso cantinho que, para a nossa surpresa, eu e a Indhira (a carioca), ficaríamos juntas por duas semanas.
A minha mais nova companheira de casa e eu também dividimos o mesmo quarto. Ela ficou na parte de cima da beliche. O quarto era pequeno, mas limpo e agradável. O espaço era composto por mais dois quartos, um banheiro, sala e cozinha. Da sacada daquele andar, era possível enxergar a avenida que estava bem movimentada, muitos veículos passando, pessoas caminhando e uma grande variedade de lojas e restaurantes.
Antes de ir embora, o consultor nos explicou um pouco da região. Recebemos um mapa com a localização da agência, escola de inglês e alguns dos principais pontos turísticos. Também ganhamos um chip de celular de uma operadora irlandesa. E foi depois também de ajustar o Wi-fi que conseguimos nos conectar e dar notícias sobre a nossa viagem aos nossos familiares e amigos. Meu pai ficou aliviado.
Eram quase 10h da noite e eu decidi ir no mercado comprar alguma coisa para comer. Eu só precisava atravessar a rua que o supermercado estava logo ali na frente: “Tesco”.
Só nos primeiros passos eu já cruzei com dezenas de pessoas. Eu estava rodeada não apenas de vozes irlandesas falando inglês, mas era uma mistura de raças, de línguas. Fiquei paralisada, observando e respirando aquele ar gelado e multicultural por um tempo.
Quando entrei no mercado eu não sabia exatamente o que eu ia comprar, mas estava ansiosa pra percorrer os corredores. Não era muito grande, mas como já era tarde eu escolhi só algumas frutas, um suco de laranja, biscoitos e salgadinhos.
Os preços me surpreenderam. Muitas coisas custavam centavos. A moeda é o euro. E vale dizer, que, não adianta converter os valores para real, porque afinal, como morador, você só vai usar o dinheiro local. Mas ainda assim, era possível sentir que o poder de compra na Irlanda era maior que no Brasil.
Na hora de pagar e sem perceber, eu entrei na fila para o caixa de autoatendimento, onde você mesmo escaneia os produtos e faz o pagamento sozinho, o chamado: Self Service/Checkouts/Self Scam.
Muito nervosa, eu não consegui finalizar minha transação, mas tem sempre algum funcionário por perto pra ajudar e em questão de segundos ela resolveu meu problema e eu consegui dizer um: Thank you (obrigada).
Voltei para o apartamento, fiz meu lanchinho e antes de ir dormir voltei pra contemplar a vista da varanda. Aquele lugar ainda desconhecido, aquelas pessoas diferentes. Eu lembro de ainda estar com um frio na barriga, com um turbilhão de pensamentos, preocupações e sem acreditar que eu atravessei o oceano em segurança e já tinha superado desafios.
….continua no próximo capítulo.
Por Gilmara Bezerra
2 respostas
Fantastic!! Beautiful story. It takes so much bravery to live and share a story like this. So well written and emotionally engaging. Keep up the brilliant work! I can’t wait to read the next instalment:)
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