A “fria” realidade do estudante na Irlanda

Diário da Gilmara na Irlanda

A primeira manhã em Dublin correu devagar. Eu ainda estava meio atordoada com o fuso horário e exausta por não ter conseguido dormir bem nos últimos dias, quem sabe meses. Era segunda feira. Minhas aulas na escola começariam só na semana seguinte.

Mas enquanto isso, eu poderia participar das atividades de recepção e orientação que a agência prepara para os novos moradores do país. Assim, os estudantes conseguem se adaptar melhor ao sistema irlandês.

No apartamento chegaram novos moradores. Um casal e duas outras meninas. Todos brasileiros. Há uma rotatividade grande nas acomodações, porque tem muitos estrangeiros chegando para fazer intercâmbio e no meu pacote, por exemplo, estava incluso apenas duas semanas de hospedagem, que é o prazo mínimo que  a agência orienta para você procurar um lugar fixo na cidade para alugar.

Essa opção é um pouco mais econômica, porque você tem a chance de ir morar com nativos e tem mais independência para começar a sua temporada na Ilha e se sentir parte da comunidade.

Viver todo o intercâmbio dentro das acomodações da agência que de certa forma são mais confortáveis e organizadas não era uma opção para mim não só pelo custo alto, mas também porque eu queria ter uma experiência fora daquela realidade de estudante de passagem pelo país.

Antes de sair para explorar a cidade, compartilhamos um pouco da vida de cada um numa conversa informal pela sala do apê. Uma das meninas novas também era carioca.

Cláudia já estava na Irlanda há um mês e passava por algumas acomodações diferentes porque ainda não tinha conseguido um lugar fixo na região. Aquela informação pegou a gente um pouco de surpresa e confesso que me bateu um certo desespero.

Como ela já tinha mais experiência no país eu perguntei onde comprar casacos de frio. Moradora da região norte do Brasil, umas das cidades mais quentes, no meu guarda roupa não tinha nada específico para o frio e depois de buscar muitas informações, entendi que era melhor comprar os casacos e blusas de inverno quando chegasse na Irlanda. Enfim, dali fomos direto para os brechós, onde você encontra peças excelentes, semi novas até, por um precinho bem baixo.

Economizar na verdade é o “mantra” da maioria dos estudantes que embarcam em um intercâmbio longo como o meu. O governo do país também exige que você traga uma quantia de sobrevivência vamos dizer assim.

Em 2016, o valor da comprovação em dinheiro era de 3 mil euros que, segundo eles, é uma média de gastos que você terá ao longo de 8 meses. Esse ano (2023) o valor deve aumentar para 4 mil e duzentos euros.

Um cálculo baseado somente nas necessidades básicas como: aluguel, alimentação, transporte. Viagens, passeios, compras extras ou até imprevistos não estão inclusos nesse valor.

Por isso eu decidi trazer mil euros a mais, por segurança, até que eu conseguisse um emprego pra garantir mais grana extra e poder curtir minha vida sem muita pressão e privação. Afinal, eu gostaria de poder viajar pela Europa.

O tour pelas lojas durou a tarde inteira. Comprei dois casacos e duas blusas no brechó. Fomos também na TK Maxx, uma loja de departamento que reúne grandes marcas por valores mais acessíveis e foi lá que achei uma jaqueta à prova d’água e uma bota. No dia seguinte, lógico que não podia deixar de passar também pela Penneys que é muito famosa na europa pela variedade de confecções e produtos bem baratos. Saí de lá com meias térmicas, cachecol, luvas, touca e calças e assim finalizei minhas compras do momento.

Agora assim, eu estava um pouco mais preparada pra enfrentar a temperatura dos próximos dias que estava em torno de 10 graus acompanhada de uma chuvinha fraca e muito vento. Uma característica quase que diária da Ilha Esmeralda quando o assunto é clima. Frio, chuva, vento e tempo nublado, sem muito sol. Era outono e logo chegaria o inverno onde os termômetros chegam a marcar temperaturas abaixo de zero. E como será que eu roraimense iria suportar essa friaca? Continua…

Por Gilmara Bezerra

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8 respostas

  1. Fantastic description of the reality of student life! Anyone thinking of doing an exchange, in any country, should read this account. There are loads of tips in there that will he helpful to people who are adapting new realities!! Already can’t wait to read the next one 🙂

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