Diário da Gilmara na Irlanda
Meu quarto era enorme e ficava no terceiro andar da casa, ao lado do quarto das gêmeas. Tinha um banheiro e mais um quarto nesse andar da casa. No segundo andar ficava a suíte dos pais, mais um banheiro e o quarto dos mais velhos. Primeiro andar da casa era onde ficava cozinha, sala de jantar, sala de TV, a sala de brinquedos/atividades das crianças, mais um banheiro e lavanderia. Sim, a casa era gigante! Então imagina como era a rotina.
O acordo com a família foi então morar com eles e não pagar aluguel, nem contas e nem comida em troca do serviço de babá. Eles também me pagariam um valor x ao fim de toda semana. Eu não me recordo agora quanto era exatamente o que eu recebia, mas era bem pouco. Eles me pagariam extra se eu passasse do meu horário ou se eu fizesse babysitting aos fins de semana, por exemplo.
Sobre a rotina
Eu acordava todos os dias às 7:00 da manhã para estar pronta às 7:30, quando as crianças começavam a acordar. Meu dia começava ajudando as crianças a se prepararem para a escola, o que incluía garantir que estivessem vestidas adequadamente, com seu devido uniforme e com seus materiais escolares prontos. Em seguida preparar o café da manhã e o lanchinho da escola.
As gêmeas eram levadas à creche pelos pais, já que a creche ficava a caminho do trabalho deles. Elas passariam o dia lá. Eu ficava responsável por levar as crianças mais velhas até a escola, que ficava a 20 minutos de caminhada. Era um tempo de qualidade que tinha para conversar e me aproximar dele, já que quando estamos junto com as bebês é difícil dividir a atenção com todo mundo.
Depois de deixá-los na escola, eu tinha a manhã livre para me dedicar a outras atividades pessoais ou para descansar. Às 2h da tarde, eu voltava à escola para buscar as crianças mais velhas. Nosso retorno para casa era seguido por um almoço leve, geralmente um sanduíche como já comentei aqui. Os irlandeses não almoçam igual nós brasileiros. Enfim, após o almoço, eu ajudava as crianças com a lição de casa.
Embora não fosse responsável por faxinar a casa, mantinha tudo organizado com a ajuda das crianças se possível. Isso incluía arrumar os brinquedos, garantir que os quartos estivessem em ordem e que a cozinha permanecesse limpa após as refeições. Também era minha responsabilidade cuidar da comida da família, o que envolvia planejar as refeições, fazer a lista de compras semanal e assim a mãe fazia a solicitação da entrega pelo aplicativo do supermercado. Se algo faltasse, eu mesma ia ao mercado para comprar.
Lá pelas da tarde eu preparava o jantar e sentava na mesa para ter refeição junto com as crianças. Os pais costumavam chegar às 6:30 com as gêmeas, e meu dia de trabalho deveria terminar nesse momento. No entanto, era comum que os pais se atrasassem ou pedissem que eu ficasse um pouco mais para ajudar. E isso se estendia as vezes até a rotina da noite, que era preparar as crianças para dormir.
Aos fins de semana, eu combinei com a família que procuraria outro emprego para aumentar minha renda. Isso significava que, mesmo após uma semana cheia, meus fins de semana eram dedicados a outros trabalhos, permitindo que pudesse juntar o dinheiro necessário para meus objetivos futuros.
Por Gilmara Bezerra