Aumentando minhas experiências como babá na Irlanda

Diário da Gilmara na Irlanda

Voltei das minhas férias na Escócia direto para minha rotina de escola e babá. É sempre um pequeno choque voltar de um estado de “descanso”, lazer para a realidade de responsabilidades e compromissos. O dia te atropela porque a cabeça ainda está nas lembranças dos últimos dias conhecendo uma nova cultura. Mas o cenário muda quando vai abrir a conta bancária. O “rombo” de despesas que foram minimamente calculadas, mas que sempre saem do controle por alguma razão. Imprevistos ou mesmo aquela velha frase: eu mereço isso, depois eu corro atrás do prejuízo.

Pois então estava mais que na hora de dar um jeito de aumentar a renda e aliviar um pouco o bolso. Assim que tive uma oportunidade conversei com a mãe dos meninos sobre minhas ambições. Eu precisava de mais horas de trabalho ou indicação de outra família. Ela entendeu minha situação e me apoiou em minha busca por novas oportunidades. Ela disse também que ia ficar de olho nos grupos de mães do bairro, onde elas trocam mensagens e talvez alguma delas estaria à procura de uma babá confiável.

Até que ela muito atenta percebeu a tempo que uma das mães do bairro estava precisando de ajuda. Ela então rapidamente fez questão de me recomendar. Como essas vagas são muito disputadas eu mandei uma mensagem imediatamente. Consegui uma entrevista que foi logo marcada para o dia seguinte. Eles moravam a poucas quadras de distância, no mesmo bairro, o que facilitaria minha rotina. Ai que mistura de ansiedade e aperto no coração.

A família consistia de quatro crianças. Na verdade dois meninos adolescentes (13 e 16 anos), uma menina de quase 7 anos e a irmã mais velha, com 11 anos. Minha responsabilidade seria cuidar principalmente da mais nova, garantindo que ela estivesse segura, bem alimentada e em dia com suas atividades extracurriculares.

A mãe me ofereceu trabalhar de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h e meu pagamento seria 12 por hora. Isso significava que eu pegaria a menina na escola, prepararia o almoço para ela, ajudaria com suas tarefas escolares e a levaria para suas atividades extracurriculares, como natação, tênis e até hurling. Uma baita responsabilidade estar diariamente assim cuidando do bem mais precioso que eles tem que são os filhos.

Estava empolgada com a nova oportunidade, mas  também senti uma pontada de tristeza por ter que deixar os meninos com quem já tinha desenvolvido um vínculo bom. Eu teria meu último dia com eles antes de começar na casa nova. A mãe já tinha explicado a eles que eu iria sair, então apesar de tristes aproveitamos muito o momento. Brincamos bastante e eu disse que voltaria quando possível para visitar.

A verdade é que a maioria das crianças já estão até acostumadas com esse vai e vem de babás. Algumas famílias até tentam e preferem ter uma pessoa só por um bom tempo, mas lidar com estudantes que tem uma vida mais instável é estar preparado para mudanças. Então eu já imaginava que ia ser um desafio pra mim com a outra família já que as crianças também estariam adaptadas a outra babá antes. Muitas vezes demora para elas se reconectarem com outra pessoa. Ainda mais quando já são mais velhas e estão desenvolvendo vontade própria e independência.

Na semana seguinte era hora de começar minha nova rotina e agora cuidando de meninas. As duas com personalidades e interesses diferentes, confesso que demorou um pouco para nos conectar. Elas tinha um a rotina bem corrida de atividades e eu sei que depois de uma manhã inteira de estudos elas já estão mais cansadas e mais irritadas para fazer as coisas. Mas elas tinham que cumprir suas obrigações, não há muita negociação. Lógico que com jeitinho eu fui tentando fazer tudo de forma mais leve e sem muita pressão. Continua…

Por Gilmara Bezerra

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