Como os Irlandeses comemoram o Halloween

Diário da Gilmara na Irlanda

(Imagem Arquivo Pessoal)

Chegar na Irlanda em outubro além do que já contei por aqui, é também entrar no clima do Halloween. Pra todos os lugares que você olha tem decorações assustadoras, promoções e festas especiais relacionadas à data. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o Halloween que é comemorado no dia 31 de outubro tem origem irlandesa e não americana.

Para eles o dia é carregado de muita tradição que vem desde os celtas que acreditavam que na noite desse dia existe uma conexão forte entre o mundo espiritual e material. Um momento que marca o fim do verão e o início da colheita e, por isso, certos rituais precisam ser feitos para garantir a paz e a harmonia já que no dia seguinte (1º de novembro) é o dia dos mortos.

Um dos rituais são as fogueiras, ou velas para que os mortos, almas, bruxas seguissem seus caminhos em paz assim como esculpir rostos em vegetais, o mais famoso deles (depois da tradição chegar na América), a abóbora, pra afastar o mal. Além disso, famílias batiam de porta em porta em busca de um bolo e em troca rezavam para os espíritos. Hoje em dia, as crianças vão de casa em casa fantasiadas para pedir doces dizendo a famosa frase: “trick or treat” (doce ou travessura).

Para mim que nunca vivi essa experiência de perto, estava sendo um momento muito interessante. O que eu não esperava é que eu seria convidada para passar a tarde e à noite na casa de uma família irlandesa e ter essa vivência de forma completa. Aline, uma brasileira que também saiu de Roraima e foi estudar na Irlanda era a “Au pair” (babá das crianças) dessa família que me recebeu na casa deles.

A casa ficava bem longe da capital. Eles moravam numa área que eu acredito ser uma fazenda/chácara porque era bem grande. O ambiente estava decorado com esqueletos, bruxas, aranhas, lobisomens, vampiros pra todos os lados, abóboras com diferentes “rostos” e velas/luzes dentro, potes de doces e muitas crianças e adultos fantasiados dos mais variados personagens. E todos muito animados até por estarem recepcionando duas brasileiras curiosas e ansiosas para participar de tudo.

O jantar foi o tradicional “Stew” que eu já mencionei aqui no diário. Um cozido de carne com vegetais e legumes feito com a cerveja Guinness. Estava bom. Confesso que eu sou uma pessoa difícil de agradar pelo paladar. Bom, mas também não sou a melhor pessoa para explorar/experimentar a gastronomia de outros lugares assim tão facilmente, viu?!. Tenho minhas restrições/critérios, preferências e até resistências quando o assunto é comida (risos).

Mas enfim, voltando aquela noite, de sobremesa eu não me recordo o que estava no cardápio da família, mas pela quantidade de doces espalhados pela casa com certeza eu acabei comendo vários chocolates. E esse posso considerar um alimento que vai ser difícil eu não gostar ou recusar.

No vai e vem de crianças indo ou chegando do “trick and treat” hora, nós também fizemos churrasquinho de marshmellos na pequena fogueira que o pai fez no quintal, aparentemente outra tradição muito presente nesse dia. Já lá nos fundos da fazenda outro grupo se reunia ao redor de uma fogueira gigantesca que foi acesa pra simbolizar e sinalizar o caminho da paz para os mortos e bruxas. E assim minha noite do dia 30 de outubro terminou.

Mas quem disse que o Halloween tinha acabado né? Aquele era só o início e uma pequena amostra do que acontece na Irlanda nesse período até o dia 31 realmente chegar e acabar. E agora de volta na capital (Dublin) era hora de ver como a data é comemorada nos bares e nightclubes e até nas ruas. E sem ter me preparado com alguma fantasia especial, passeando pelo centro e observando as mais loucas e criativas fantasias do povo, eu fui parar em uma festa temática em um clube que atualmente nem existe mais.

Vestida de preto e com um óculos de morcego/batman emprestado eu estava pronta para me divertir. O espaço tinha três andares, com ambientes e músicas diferentes e todos completamente lotados. E em resumo, só o que eu posso compartilhar com vocês daquela noite é que eu como uma jovem de apenas 26 anos que carregava seus “fantasmas” pra onde fosse, entrou no clima da festa e aproveitou muuuito, deixando os “espíritos” para trás.

Por Gilmara Bezerra

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4 respostas

  1. Brilliant! Such a great description of Halloween in Ireland. I really loved the description of the fire and the ghosts. It was an amazing piece and I have read it many times already:)

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